Depressão e ansiedade são as doenças crônicas de adolescentes

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Associada a pessoas mais velhas, as doenças crônicas atingem também adolescentes. A diferença é que, enquanto as tradicionais diabetes e hipertensão são as mais frequentemente ligadas ao avançar da idade, entre os jovens chama a atenção de médicos as questões psicológicas.
“Doenças mentais são as doenças crônicas de adolescentes”, afirma o psiquiatra Pedro Mário Pan Neto, que estuda transtorno de bipolaridade. As mais comuns são depressão e ansiedade.
“Começamos a não medir mais só mortalidade. Quando você mede mortalidade, doença mental mata pouco relativamente a outras doenças”, explicou Pedro, durante 34º Congresso Brasileiro de Psiquiatria, realizado em São Paulo na semana passada. Doenças crônicas são aquelas que, num período curto, não trazem risco de morte mas se estendem por longos prazos. Podem ou não ter cura.
No adolescente, o médico relata, os impactos são sentidos mais na vida escolar. “Ele não consegue trabalhar adequadamente, não consegue ir para aula. Quando a gente começou a medir isso, achava que adolescente nunca tinha doença crônica. De onde vêm as dificuldades clínicas do adolescente? A literatura foi mostrando que vêm desses prejuízos com transtorno mental.”
Outro dado identificado é que uma em cada dez crianças vão apresentar transtornos mentais. Grande parte dos transtornos mentais na vida adulta podem ser rastreados até a infância, como afirmou a médica-psiquiátrica Graccielle Rodrigues da Cunha Asevedo, durante palestra perfil de transtornos mentais em crianças e adolescentes.
Ele, porém, diz que não é possível afirmar se os casos aumentaram nos últimos anos, simplesmente porque antes não havia estudos sobre o tema. “O que com certeza a gente sabe é que identifica mais os casos.”
Apesar de ainda haver estigma quanto às doenças mentais, ele cita que o preconceito diminuiu e que há mais médicos antenados para identificar casos de transtornos mentais.
Bullying e droga: fatores de risco
Hoje profissionais identificam como fatores de risco o bullying – pressão dos pares, colegas de escola, por exemplo -, as agressões e uso de drogas. “Esses fatores se dão de forma diferente dependendo da idade. Fumar maconha com 30 anos não é a mesma coisa que fumar com 15. Sofrer bullying no meu trabalho com 30 anos não é a mesma coisa que sofrer na escola com 15 anos. Aos 15 ainda tem uma janela aberta para o desenvolvimento. Isso tem um impacto muito grande”, exemplifica Pedro Mário Pan.
Outro fator é a pobreza. Além dos problemas sociais consequentes da baixa renda econômica da família, há impactos também na criança.
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