DENTISTA TEM QUE COBRAR CONSULTA, SIM! – Por Dra. Fátima Zambon

Confesso que eu gostaria de não ter que escrever sobre isso, afinal de contas, pra mim é algo óbvio: quando a gente trabalha, merece receber por isso.
Se você é médico, se você é engenheiro, se você é professor, se você é contador… você certamente não trabalha de graça. Mas por ironia do destino, se você é dentista, o “senso comum” acha que você tem que dispor do seu tempo e conhecimento sem receber por isso, o que o leigo chama de “orçamento”.
Houve uma época em que o termo cabia, eu arranco 12 dentes e você me paga X vezes 12. Mas ó, faz tempo… a Odontologia melhorou muito desde então, tratamento não é mais sinônimo de exodontia e não basta mais se formar cirurgião-dentista… é preciso estudar para o resto da vida.
Formação não se obtém com ‘‘orçamento grátis’’, e o próprio Código de Ética Odontológica condena a não- cobrança de consulta. É proibido por lei o cirurgião-dentista prestar serviço gratuito em consultórios particulares.
Se você não sabia que consulta grátis é ilegal, sugiro a leitura da Lei 5.081/66 (especificamente o Artigo 7º), que regula o exercício da odontologia:

‘‘Constitui infração ética oferecer serviços gratuitos a quem possa remunerá-los adequadamente.’’

É uma lástima que os formandos em odontologia não sejam sabatinados quanto ao conhecimento sobre o Código de Ética Odontológica (como o Artigo 20).
–>Reconhecimento pelo paciente:
Não existe paciente bobo. Hoje, com a abundância de informações disponíveis na internet, os pacientes investigam sobre todas as alterações e doenças com simples cliques no mouse ou toques no smartphone. Além disso, eles pesquisam a vida e o currículo dos profissionais com a mesma facilidade.
Assim, você tem dois tipos de pacientes possíveis: os que procuram preço e querem o profissional mais barato, ou aqueles que realmente se importam com a própria saúde bucal e reconhecem a importância de uma boa formação profissional por parte do cirurgião-dentista que cuidará de sua saúde.
–>Mais sucesso nos tratamentos devido aos diagnósticos mais precisos:
Acho que qualquer clínico, independentemente da experiência, concorda que um tratamento eficiente depende de um correto diagnóstico (fase propedêutica). E um diagnóstico correto depende, obviamente, de uma anamnese cuidadosa (fase semiogênica) e um exame clínico minucioso (fase semiotécnica). Portanto, se a consulta inicial em odontologia for negligenciada o resultado final do tratamento proposto pode ser desastroso.
A consulta inicial é onde mostro para meu paciente todo o conhecimento adquirido e minha experiência profissional, além de deixar claro como eu me importo com sua saúde e tento alinhar as alternativas de tratamento com as expectativas do paciente. Isso não é feito em 15 minutos, posso lhe garantir…
Particularmente costumo marcar 1 hora para a consulta inicial, salvo algumas exceções de agenda com muitas urgências a serem solucionadas.
Enfim, a intenção deste post é reforçar a necessidade do profissional valorizar os seus próprios serviços, mostrar a importância da consulta inicial para o paciente esclarecendo todas as dúvidas e oferecendo as melhores alternativas de tratamento, e de uma maneira que cubra os custos envolvidos neste momento crucial de qualquer tratamento, de maneira a trazer tranquilidade na relação profissional-paciente e satisfação para o cirurgião-dentista ao fazer o seu melhor.
O melhor para o paciente é o melhor também para o cirurgião-dentista e para a Odontologia.

* Cirurgiã Dentista – Especialista em Odontopediatria

** o texto é de inteira responsabilidade da autora e não representa necessariamente a opinião do site

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