FILME CELEBRA UM RIO DE HISTÓRIAS EM CONSELHEIRO PENA – CURTA VITÓRIA A MINAS III

As dez histórias selecionadas pelo Curta Vitória a Minas III para serem transformadas em filme entraram na etapa de montagem e finalização. Uma delas é a ficção “Um Rio de Histórias”, da professora Márcia Cristina Cândido, moradora de Conselheiro Pena (MG). A obra é inspirada nos causos colhidos no cotidiano dos antepassados contados pela mãe e pelo avô da mineira nos tempos de menina.

O Curta Vitória a Minas é patrocinado pelo Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, com a realização do Instituto Marlin Azul, Ministério da Cultura/Governo Federal. O objetivo é possibilitar aos moradores das cidades que se desenvolveram ao longo da Estrada de Ferro Vitória a Minas a oportunidade de contar histórias e transformar em filme, registrando as memórias, os costumes, os hábitos, as lendas e as peculiaridades destas localidades, contribuindo para o fortalecimento territorial e comunitário.

Que história é essa?

Houve um tempo em noite de lua cheia das famílias se reunirem debaixo do céu estrelado e em volta do fogão a lenha no quintal de casa para ouvir as histórias trazidas da mata e do rio. O real e o imaginário se misturavam num emaranhado assombrado, encantador e fantástico.  Professora da educação infantil e do ensino fundamental, Márcia Cristina Cândido sempre vibrou como a menina que se apaixonou pelas histórias.

Sua mãe Marli Cardoso Cândido lhe contava os causos ouvidos do pai dela, Geraldo Cardoso, um conhecido e respeitado mecânico de carros pesados na cidade, nascido num tempo em que o lugar ainda se chamava Lajão por causa da grande laje de pedra às margens do Rio Doce. Vô Geraldo também gostava de caçar e de pescar e costumava reunir a esposa Delvina Gomes Cardoso, a Vó Delva, e os 8 filhos biológicos e 05 adotivos para contar os causos colhidos nas aventuras.

“Meu avô criou os filhos e os agregados que foram chegando vindos de famílias que não tinham condições de criar os filhos, mas, na época, como ele tinha uma condição boa, foi juntando as pessoas. A casa era pequena e existe ainda, teve algumas reformas e, hoje em dia, a gente se pergunta como tantas pessoas viveram nesta casa. Era um lar de acolhimento. Como esse povo ficava ali tudo junto, veio esta história do meu avô caçador e pescador. Cada dia que voltava da pesca e da caça, contava uma história diferente”, relata a professora.

Segundo ela, algumas histórias eram inventadas, outras até aconteciam mesmo numa época com poucas casas no lugar. Ao conquistar a chance de transformar uma história em filme, através do Curta Vitória a Minas III, a professora se despertou para a necessidade de resgatar, registrar e compartilhar as histórias contadas pela família. A obra resgata alguns destes causos transmitidos de geração em geração como o da menina que virou onça e passou a assustar os pescadores e caçadores da região.

As filmagens do curta-metragem na cidade foram feitas no final de julho e início de agosto deste ano. Marcia iniciou nesta semana a etapa de edição da obra com a orientação da montadora Flávia Celestino. O cronograma de montagem das dez obras continuará até final de outubro.

A terceira edição do Curta Vitória a Minas reúne histórias vindas de Ibiraçu e Colatina, no Espírito Santo, e de Conselheiro Pena, Governador Valadares, Belo Oriente, Ipatinga, Coronel Fabriciano, Nova Era e João Monlevade, em Minas Gerais. Esta é a segunda vez que Conselheiro Pena tem uma história selecionada pelo projeto. Na primeira edição, o marceneiro e carpinteiro Ely Moreira da Costa, morador do município, transformou em filme a história “Deslizando nos Trilhos”.

Conheça as etapas do Curta Vitória a Minas III

Após terem histórias selecionadas através de um concurso, as autoras e autores se reuniram de 13 a 28 de abril deste ano, em Guarapari (ES), para uma imersão audiovisual com aulas expositivas e práticas, exercícios de sensibilização do olhar e da escuta, experimentações de um set de filmagem e trocas de vivências. Os participantes estudaram com profissionais do cinema e da TV noções básicas sobre roteiro, direção, produção, direção de fotografia, som, direção de arte, montagem, finalização, cinema de grupo, mobilização comunitária e direitos autorais.

Ao final do curso, eles retornaram para suas cidades de origem com o roteiro, o plano de produção e o plano de filmagem em mãos para organizar a pré-produção das filmagens, mobilizar outros moradores para atividades técnicas e artísticas, escolher locações, preparar figurinos, buscar objetos de cena, organizar os personagens. Na etapa seguinte, profissionais da fotografia, de som e produção se juntaram aos autores (as) e às equipes locais para gravação das histórias nas cidades. O cronograma de filmagens das dez obras foi realizado no período de junho a agosto de 2024.

Depois da edição e finalização, os filmes serão lançados em telonas de cinema montadas em ruas e praças durante sessões gratuitas nas cidades envolvidas. Esta é a terceira edição do projeto que produziu 15 filmes na primeira edição, lançada em 2014, e 10 obras, na segunda edição, lançada em 2022.

 

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