RIO DOCE… E sua revitalização, até quando? – Por Valter Andrade*

Quando o tema meio ambiente vem a tona, a palavra degradação ambiental geralmente ocupa quase que de forma generalizada a mente das pessoas, o fato ocorre certamente em razão de ser essa a realidade que vivenciamos há décadas. Assistimos no dia a dia a mãe natureza ser depenada impiedosamente através de ações criminosas e percebemos que muito pouco é feito para coibir a infalível degradação do nosso meio.
Podemos citar como exemplo o Rio Doce, esse manancial federal que ao longo dos anos vem sofrendo todo tipo de agressão. E mesmo nesse quadro de debilitação continua servindo os moradores que habitam suas margens nos seus 853 quilômetros de extensão, cortando os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, com fornecimento de água para abastecer as populações urbanas e rurais, com a pesca que momentaneamente se encontra reduzida em razão do acidente em Bento Ribeiro, com a agricultura, a pecuária através da irrigação e as indústrias.
Quando se fala de água, esse gigante que sem dúvida alguma foi e continua sendo o maior protagonista da bacia do Rio Doce, prova claramente sua força mostrando as mais altas autoridades políticas, ambientais e os mais de 3,5 milhões de habitantes dependentes de suas águas que sua revitalização representa não apenas o progresso dessa imensa região, mas também a continuidades de todas as formas de vidas que habitam nessa bacia.
Registramos aqui lembranças de alguns danos ocorridos no Rio Doce que serviram de alerta para mostrar que mesmo diante do seu potencial hídrico, a natureza também tem seu limite. Em 2007 uma onda gerada pelas Cianobactérias deixou em desespero grande parte da população da bacia, pelo gosto e cheiro forte tornando suas águas quase que impróprias para o consumo, obrigando os sistemas de abastecimento de água passarem por adequações para amenizar a situação.
No mês de novembro de 2015, o maior desastre ambiental ocorrido no país, através do rompimento da barragem de rejeitos da mineradora SAMARCO no distrito de Bento Ribeiro em Mariana. Parecia o fim desse grande manancial. Foram dias de tristeza, angústia, incertezas e muito sofrimento para os moradores da bacia do Rio Doce.
Passados cinco anos desse lamentável episódio, muito se espera das promessas de uma ampla recuperação do rio envolvendo a dragagem dos rejeitos sedimentados em seu leito, recuperação das nascentes, inclusive dos afluentes e as matas ciliares. É fato que, a lama juntamente com o desespero inicial se foram, mas é bom lembrar que toneladas de esgoto continuam sendo lançadas diariamente sem nenhum tratamento em seu leito.
Não podemos deixar de alertar também que a bacia do Rio Doce conta com uma população aproximada 3 milhões e 500 mil habitantes distribuída em 228 municípios e uma estrutura composta por diversos comitês de bacias, Agência de Bacia instituída, 228 prefeitos, 228 vice – prefeitos, deputados federais e estaduais, inúmeros vereadores, Juízes, Promotores do Meio Ambiente, SAAEs, COPASA, VALE, SAMARCO e o COMITÊ INTERFEDERATIVO. A esperança é que o Rio Doce seja contemplado com a tão esperada revitalização e continue cumprindo o seu importante papel na manutenção das inúmeras diversidades de vida existente na BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOCE.

  • Valter F. Andrade é Sanitarista servidor da FUNASA – Fundação Nacional de Saúde
  • **o texto é de inteira responsabilidade do seu autor e não representa necessariamente a opinião do site

 

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Um comentário em “RIO DOCE… E sua revitalização, até quando? – Por Valter Andrade*

  • 7 de agosto de 2020 em 16:28
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    Parabens ! Pela , materia e sua continua insistencia em mostrar os Humanos a necessidade da preservaçao do Rio Doce .
    Lamentavel a falta de interesse dos memos

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