AUMENTO DE DOENÇAS RESPIRATÓRIAS – Por Dra. Táina Almeida*

Todos tem percebido que vivemos um tempo diferente. Que as crianças passam mais mal quando comparado com os adultos todos sabem, principalmente nessa época do ano, mas da forma que está acontecendo esse ano é novidade. Estamos tendo um aumento surpreendente de casos de síndrome gripal, com quadros mais graves, aumento nos casos de bronquiolite viral aguda, exacerbações por asma e pneumonias (maioria destas causadas por vírus).
O Ministério da saúde já noticiou esse ano aumento de 30% nas internações e até 300% nos atendimentos de emergência pediátricos. Os consultórios e os pronto atendimentos estão lotados. A queixa que mais tenho ouvido no consultório é tosse e sintomas nasais (saída de secreção, coriza e obstrução) que estão demorando muito para melhorar. Alguns falam: “doutora meu filho está gripado há 3 meses”, “será que a imunidade dele não está baixa?” “é normal tanto tempo assim?”, “tenho medo que gripe vire pneumonia”.
Então vamos lá: o que mais está acontecendo são recorrências de quadros, contato com vírus novo antes que a criança fique 100% bem do quadro anterior, a criança melhora e quando a mãe acha que tudo vai ficar bem, os sintomas retornam, as vezes pior. Sim, isso é normal. Então a família tem a sensação que a criança está a 2, 3, 4 meses seguidos passando mal. Esses quadros não configuram baixa imunidade, para falarmos em baixo imunidade como uma doença, precisamos de quadros graves e com hospitalização em um curto espaço de tempo. Não existe milagre para imunidade, por isso é tão importante aleitamento materno, dieta saudável, sono e lazer. Gripe não vira pneumonia, o que acontece é que o organismo fica mais sensível quando estamos gripados, dessa forma nosso pulmão fica desprotegido sendo mais fácil adquirir uma pneumonia. Outra coisa importante, tosse persistente não é sinal de pneumonia, muitos outros sintomas devem ser considerados.
Mas porque estamos vivendo isso tudo? Alguns fatos ainda precisam ser esclarecidos, mas já sabemos que o número de casos de COVID nas crianças não aumentou e ainda não está confirmado que o SARS-cov tenha influenciado diretamente este cenário aumentando a sazonalidade de outros vírus. Quando as crianças ficaram isoladas, elas perderam o “treinamento” do sistema imunológico que tinham com os vírus, e agora com a retomada das atividades sociais, estão expostas novamente aos vírus e estão adoecendo com maior facilidade.
A aglomeração de pessoas em casa nas festinhas, nas escolas, em bares, nas igrejas, em uma época do ano mais seca e fria propiciam uma maior e rápida disseminação dos vírus. Baixa cobertura vacinal até mesmo daquelas vacinas habituais do programa nacional de imunização, principalmente do vírus influenza.
Lembrar que, quem vacinou no final ano passado, precisa vacinar novamente e que vacina contra a gripe, não causa gripe!

Dr. Táina Almeida – é médica pediatra em Conselheiro Pena

* Os texto é de inteira responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do jornal

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