O que é a Ortopedia Funcional dos Maxilares? – Por Dra. Fátima Zambon *

O papel da odontopediatria e da ortopedia funcional dos maxilares, é acompanhar a criança desde o início, realizando orientações quanto à importância do aleitamento materno, alimentação de transição, dieta adequada e cuidados com as estruturas orofaciais (dentes, gengiva, arcadas dentárias, musculatura associada), prevenindo, diagnosticando e tratando as possíveis alterações já na dentição decídua (de leite), evitando o aparecimento de problemas maiores e mais severos na dentição permanente.
Quais as causas de alteração na mordida durante a infância?
O regime alimentar atual (alimentos pobres em fibras, industrializados, de textura pastosa, cariogênicos) é o grande responsável pelo quadro de alterações oclusais (de mordida) que encontramos já precocemente nos pacientes infantis (atrofias, desequilíbrios funcionais e de desenvolvimento, apinhamentos dentários).
A falta do estímulo mastigatório correto vai acarretar um desequilíbrio no sistema estomatognático que se agrava com a idade, caso não haja nenhuma intervenção.
Onde a ortopedia funcional dos maxilares atua?
A atuação precoce previne desequilíbrios mastigatórios, assimetrias de desenvolvimento, disfunções articulares e problemas periodontais (de gengiva), diminuindo ou simplificando a necessidade futura de uso de aparelhos ortodônticos, como:
Alterações mandibulares
A má oclusão é um problema que, caso seja tratado de forma prematura, pode prevenir contra o desenvolvimento ou o agravamento de condições futuras, relacionadas com a mordida.
Além disso, as alterações mandibulares podem estar relacionadas com problemas nasais, fazendo com que o paciente respire constantemente pela boca, o que favorece alterações como arcada dentária estreita ou a hipofunção dos músculos mandibulares.
Por este motivo, o acompanhamento precoce é de suma importância, uma vez que além do tratamento, irá orientar o paciente para que adote ou que procure o acompanhamento complementar para correção de obstruções nasais.
Disfunções na ATM
Disfunções na articulação temporomandibular são causadas por diversos fatores, como o ranger dos dentes, mas uma má oclusão nesta região também é uma das causas do problema.
O quadro provoca fortes dores ao paciente, especialmente durante a mastigação, uma vez que há o tensionamento dos músculos da mandíbula.
Apesar de existirem intervenções cirúrgicas que corrijam tal problema, o diagnóstico precoce favorece um tratamento não invasivo, através de aparelhos ortodônticos, que visam realinhar a articulação temporomandibular e restaurar a qualidade de vida do paciente, prevenindo contra uma série de problemas que podem ser desencadeados por esta condição.
Erupção dentária
A erupção dentária é um processo natural na infância, contudo, esta fase pode apresentar o desalinhamento entre os dentes da criança, sendo necessário a avaliação de um ortodontista para corrigir tal problema.
Caso as alterações dentárias não sejam tratadas, a predisposição para outros problemas relacionados à harmonia facial, podem surgir e prejudicar futuramente a qualidade de vida do indivíduo.
Mordida cruzada
A mordida cruzada é um quadro onde os dentes superiores se encontram à frente dos inferiores durante a mordida. Esta condição favorece o desenvolvimento de outras alterações, como disfunções temporomandibulares, sendo necessária a avaliação de um ortodontista para o direcionamento correto.
Como funciona o tratamento?
O tratamento através da ortopedia funcional dos maxilares consiste no acompanhamento periódico onde são realizadas avaliações desde a infância, a fim de tratar e prevenir problemas que podem acometer a estrutura bucal.
Caso o paciente tenha alterações já no início da vida, a abordagem de tratamento é feita através de aparelhos ortopédicos que prezam por corrigir a mordida ou a má oclusão, prevenindo problemas futuros, além de possuir tratamentos mais agressivos durante a maior idade.
Durante o acompanhamento, exames de imagem podem ser solicitados, a fim de compreender melhor o quadro do paciente e prescrever o tratamento ideal.
Além disso, o dentista também atua na conscientização dos pais, para que a criança pratique a higiene bucal dos aparelhos ou até mesmo, com relação a alimentação, fator que favorece o mau desenvolvimento dos dentes.

A importância do acompanhamento
O conhecimento e aplicação dos conceitos da ortopedia funcional dos maxilares visa melhorar a função mastigatória, fundamental para o desenvolvimento de uma dentição saudável e equilibrada, contribuindo para o correto desenvolvimento do sistema respiratório, fala, deglutição e fortalecimento da musculatura da cabeça e pescoço.
A resposta ao tratamento na primeira etapa da vida (bebê ao adolescente) é bastante gratificante, pois a criança está em constante crescimento e desenvolvimento, apresentando estruturas mais maleáveis, simples de corrigir, evitando que alterações funcionais iniciais tornem-se esqueléticas no adulto.
Existem inúmeros tipos de aparelhos ortopédicos e só o especialista pode selecionar e confeccionar o aparelho indicado para cada paciente.
Benefícios da ortopedia funcional dos maxilares
Embora não utilize força estranha que incomode o paciente, a ortopedia funcional dos maxilares usa aparelhos móveis, para ajudar na correção e prevenção de problemas ósseos, musculares, dentários e articulares.
A prevenção e o resultado do tratamento são indicados para todos os públicos. Contudo, em crianças com até três anos de idade é onde o tratamento tem mais eficácia, visto que os ossos são mais flexíveis nos primeiros anos de vida.
Outros benefícios e prevenções que também valem o destaque, já que o tratamento é indicado desde o início da infância, está relacionado com a prevenção contra erupção dentária, evitando que os dentes de leite cresçam fora do lugar.
A ortopedia funcional dos maxilares também melhora na postura mandibular, ou seja, influencia em uma mastigação correta, levando a criança a mastigar mais vezes o alimento. Além de prevenir contra distúrbios crâniomandibulares, que afetam os músculos da face, acarretando dores de cabeça ou no músculo da mandíbula durante a mastigação, podendo até se espalhar para outras partes do crânio.

* Cirurgiã Dentista – Especialista em Odontopediatria

** o texto é de inteira responsabilidade da autora e não representa necessariamente a opinião do site

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