PSICÓLOGO EXPLICA COMO IDENTIFICAR DEPRESSÃO EM JOVENS E ADOLESCENTES

A depressão é uma doença silenciosa que, se não tratada, pode levar à morte. O transtorno interfere no cotidiano de muitas pessoas: na capacidade de trabalhar, dormir, estudar, comer e aproveitar a vida. E, apesar de cada vez mais comum, a depressão é muito perigosa, principalmente para os adolescentes, que lideram os números de pesquisas referentes à doença no Brasil.

Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que as meninas são as que mais vêm sofrendo do mal. O estudo, realizado com adolescentes de 13 a 17 anos, indica que, para 29,6% das meninas e 13% dos meninos, a vida simplesmente não vale à pena.

Ainda segundo dados do IBGE, cerca de 40% das meninas não aceitam o próprio corpo, enquanto que entre os garotos o número chega a 24,5%. Já quando o assunto é bullying na escola, 57,8% das meninas e 20% dos meninos disseram já ter sofrido. Esses são indícios de que jovens e adolescentes podem estar com quadro de depressão.

Quais sintomas um jovem com depressão pode apresentar?

O psicólogo José Geraldo indica alguns dos sintomas das depressão

Segundo o psicólogo clínico José Geraldo Ferreira, os sintomas da depressão são diversos, manifestando-se de forma física, psicológica ou, até mesmo, no social dos jovem ou adolescentes.

“São muitos os sintomas. Entre eles estão a sensação de tristeza, a autodesvalorização e o sentimento de culpa. Dependendo do quadro da depressão, esse jovem acredita que perdeu, de forma irreversível, a capacidade de sentir prazer ou alegria. Tudo para esse jovem pode parecer vazio, e o mundo é visto de forma mais sombria, sem cores, sem alegria. Muitos se mostram mais desligados emocionalmente do que tristes, referindo-se a ‘sentimento de falta de sentimento’. Julgam-se um peso para os familiares e amigos; pensam na morte como forma de alívio para si e familiares”, explicou.

De acordo com José Geraldo, outros sintomas fortes apresentados pessoas com depressão chamam a atenção: retardo motor, insônia e apetite.

  • Retardo motor: Falta de energia, preguiça ou cansaço excessivo, lentificação do pensamento, falta de concentração, queixas de falta de memória, de vontade e de iniciativa;
  • Insônia ou sonolência: A insônia geralmente é intermediária ou terminal. Vale ressaltar que, dependendo do tipo de depressão, a pessoa poderá ter insônia ou sonolência.
  • Apetite: Geralmente diminuído, podendo ocorrer em algumas formas de depressão aumento do apetite, com maior interesse por carboidrato e doces; redução do interesse sexual; dores e sintomas físicos diversos, como mal estar, cansaço, queixas digestivas, dor no peito, taquicardia, sudorese.

A que os familiares e amigos devem atentar?

“Os parentes e amigos mais próximos devem ficar de olho nas mudanças de humor. O jovem apresenta-se mais ranzinza, desanimado, queixoso e triste por semanas. E também ao seu comportamento, que, nas formas mais extremas, tende a enfraquecer gradativamente a qualidade do contato com pessoas do seu ciclo social até se isolar”, disse.

Segundo o psicólogo, para esse jovem, as dificuldades são insuperáveis. Portanto pode acabar por desejar pôr fim ao sofrimento de alguma maneira. Por isso, pensamentos suicidas variam desde o desejo de estar morto até planos detalhados de se matar. Esses pensamentos devem ser levados a sério e investigados.

Como colaborar com quem precisa, mas não consegue pedir ajuda?

José Geraldo explicou que, em casos como esse, escutar sem julgar é a melhor forma de tentar entender e de ajudar o jovem ou adolescente. Além disso, o acompanhamento e o tratamento psicológico são extremamente importantes, principalmente em situações como essa.

“Aproximar-se, tentar entender o que está acontecendo com esse jovem, oferecer um ombro amigo, uma escuta sem julgamento e buscar ajuda para ele. Quando não souber o que dizer pra essa pessoa nos momentos difíceis, apenas diga que você está ali e que ela pode contar com você para o que precisar. Não a force a nada. Tente se colocar no lugar dela e imaginar como você gostaria de ser abordado naquele momento. Além disso, fale da importância de um tratamento adequado e busque ajuda. Profissionais de saúde podem oferecer tratamentos psicológicos, como ativação comportamental, terapia cognitivo-comportamental com técnicas estruturadas e psicoterapia interpessoal ou tratamento psiquiátrico com medicamentos antidepressivos combinados com psicoterapia”, explicou.

A escola pode contribuir de alguma forma?

“Com certeza. A dica supracitada vale também para os educadores e a escola. Conversar com esse jovem, fazer contato com a família e orientá-la a buscar ajuda fará toda a diferença na vida dele. Muitas vezes esse jovem ou adolescente não tem informações e nem apoio. Por isso, precisamos nos atentar a esses detalhes para impedir o pior”, afirmou.

José Geraldo enfatiza que jamais se deve menosprezar a dor de outra pessoa. Só quem sente é que sabe a dimensão do mal. E lembra: “A depressão é um doença séria, mas que tem tratamento”.

fonte: drd.com.br

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