CONSELHEIRO PENA PERDE UM ILUSTRE FILHO – MORREU HOJE JOSÉ AMARO DUTRA – O CAPACHILDO
José Amaro Dutra, carinhosamente conhecido como Capachildo, nasceu em 15 de janeiro de 1946, em Vila Bueno, distrito de Conselheiro Pena, em Minas Gerais. Filho mais velho de Wantuil Francisco Dutra e Floricena Alves de Oliveira, sua infância foi marcada por desafios que, longe de o enfraquecerem, moldaram um homem de extraordinária força e coração.
Com apenas sete anos, a separação dos pais o levou a uma jornada de busca por abrigo e afeto. Após seis meses de mazelas, ele teve a coragem de fugir para a casa de sua tia Maura, no Córrego do Sossego. Lá, encontrou um “rascunho do paraíso” e o calor de um lar. A vida, porém, reservou uma nova morada, dessa vez, um “semi-paraíso” na casa do tio João Monerat, onde foi respeitado e bem tratado.
Apesar da passagem por lares onde a dificuldade se fez presente, Capachildo jamais se deixou abater. Ele transformou a experiência de uma vida difícil, com trabalho árduo na roça, em uma lição de sobrevivência e amizade. A cumplicidade com seu amigo Joaquim, dividindo “escondido” inhame e melado, foi um testemunho da capacidade de encontrar luz mesmo na escuridão.
Um Anjo da Guarda e o Encontro com o Paraíso
Em 6 de maio de 1956, o destino sorriu para ele. Seu anjo da guarda, Wlair Pereira Dutra, o resgatou e o trouxe para Conselheiro Pena. O caminho foi mais do que uma simples viagem; foi o prelúdio de uma nova vida. Naquele trajeto, ele saboreou seu primeiro pão de sal e sua primeira “média” na padaria do Sr. Juarez Ferraz. Pequenos gestos de generosidade que se tornaram grandes memórias.
O verdadeiro paraíso se revelou na casa de Wladir Dutra e Dona Alair Barbosa. Eles, com imenso amor, se tornaram seus pais de coração. Com Wladir, Capachildo se aprofundou na fotografia, uma profissão que abraçou com paixão. Dona Alair, sua mãe de alma, ensinou-lhe as lições mais importantes da vida. Foi nesse lar que ele encontrou não apenas um ofício, mas uma família. A chegada das quatro novas irmãs, Rosangela, Rosely, Roseane e Rosilene, preencheu sua vida de alegria e cumplicidade, um laço de amor que se fortaleceu e perdurou.
Do Apelido Carinhoso ao Legado Eterno
O apelido Capachildo surgiu na infância, fruto de sua natureza prestativa e gentil. A “turma” o chamava de “puxa-saco” por gostar de ajudar a todos, mas o que viam como excesso de gentileza era, na verdade, a essência de sua alma solidária.
A vida de Capachildo foi um rico mosaico de talentos e paixões. Desde a fotografia, onde aprimorou sua arte na famosa Foto Dutra, até o esporte, onde brilhou no Santos Futebol Clube e, depois de casado, no time Galo Velho, no Uirapuru Clube, onde sua presença era indispensável por sua maestria culinária. Sua alegria e vivacidade também o tornaram um grande carnavalesco.
As amizades
Em 1967, foi residir em Governador Valadares, trabalhando e morando com Tio Totônio (Antonio Antero Dura), e embora tenha ficado pouco tempo, teve o prazer de conhecer o Professor Paulo Zappi, Sr. Nilson Persiano (Casa PersoBrasileira) entre outros, retornando logo a Conselheiro Pena.
Entre 1984/1986 viveu nos EUA, tentando ganhar a vida, como todos da região à época, mas como bom brasileiro e Conselheirense que é, não poderia fugir à regra. Retornou aos EUA em 1988/1990, mas a saudade falou mais alto, e voltou.
Detentor de uma vasta rede de amigos, tem por peculiaridade não declinar qualquer opinião pejorativa sobre qualquer pessoa ou coisa, limitando-se a ouvi-las, quando muito.
Dentre os vários amigos, além da família, podemos citar: Jorginho Habkouk, Judson Henriques, Michel, Luiz Carlos Silva, José Wilson, Curuginha, Fio Maravilha, Edésio Henriques, Nozinho , Jamir Leão, Clébio e Clemar Chaves, e muitos outros.
A família
Conheceu em 30 de julho de 1963, Maria das Graças Quintela Dutra ( D. Date), casou-se em 10 de julho de 1971, e desta linda união tiveram três filhos: Sammy, Vannicia e Judison, este último morando em Portugal.
Homenageado
Em reconhecimento à sua importância para a cidade, Capachildo foi homenageado com a inauguração do Museu “Casa de Memórias”, em Conselheiro Pena, um evento que celebrou a vida e a história da região.
A vida de Capachildo foi um testemunho de gratidão. Ele não sabia reclamar, e sua humildade e fé eram fontes de inspiração. Foi um bom marido, um bom pai, um bom profissional, um homem de paz e de Deus, que soube reconhecer as bênçãos que a vida lhe deu.
José Amaro Dutra, o Capachildo, faleceu hoje, 21 de setembro de 2025, e seu sepultamento será realizado amanhã, dia 22 de setembro, no cemitério local. Sua história e seu legado de resiliência, amor e gratidão permanecerão vivos na memória de todos que tiveram a honra de conhecê-lo.